Visita de Estudo a Santarém

Coreto do Jardim da República

No dia 7 de abril de 2022, os alunos das turmas de Relações Humanas 2 e 1, realizaram uma visita de estudo a Santarém, com a profª Cecília Caldeira. À nossa espera estava a D. Vera, que foi a nossa guia durante todo o dia. Explicou-nos de forma clara e sucinta a história de Santarém, assim como todo o património que visitamos.

Começamos pelo Coreto do Jardim da República, antigo “Passeio da Rainha”, criado em 1878, à semelhança do Passeio Público, em Lisboa, contém um coreto do século XIX. Na sua última requalificação, em 2009, o jardim foi aberto permitindo que a visão o atravesse, condição necessária para aumentar a sua segurança.

Está situado num ponto estratégico, no Jardim da República, em que este se cruza por entre os monumentos que a cidade tem para oferecer.

Coreto

Convento de S. Francisco

Depois fomos visitar o Convento de S. Francisco, cuja fundação remonta a 1242, integrando-se na corrente “mendicante”, visível na amplitude do espaço, vãos altos assentes em pilares finos e ornamentação escultórica rara e sóbria.

O edifício possui na sua estrutura sinais marcantes das várias épocas, do gótico ao barroco, passando pelo manuelino e renascença. Do período inicial restam boa parte da volumetria e os elementos estruturais mais importantes.

Ao longo dos séculos o mosteiro foi sucessivamente alterado por novas campanhas artísticas, como no claustro, na transformação radical do cruzeiro e em diversas capelas do interior da igreja, das quais restam elementos decorativos de grande qualidade, como o arco renascentista da Capela de Santa Ana ou a traça maneirista da Capela das Almas, panteão dos Meneses e obra do arquiteto Pedro Nunes Tinoco. Na nave central, encontra-se o coro alto, patrocinado pelo rei D. Fernando para albergar o seu próprio túmulo e o de sua mãe, D. Constança (séc. XIV). Esta estrutura é marcada por um exuberante programa decorativo que contrasta com a simplicidade do resto da igreja gótica.

Ainda existem estas argolas, que representam onde os cavalos eram deixados e o chão foi coberto com placas de madeira, pois era apropriado para os cavalos.

Convento de S. Francisco

Igreja de Nª Sª da Conceição

Seguimos em direção à Praça Sá da Bandeira, onde podemos encontramos uma casa unifamiliar com janela manuelina que devia fazer parte do edifício do Paço Real, hoje integrado no Seminário de Santarém.

Ao centro da praça está a estátua do Marquês Sá da Bandeira, o fundador da Escola do Exército que hoje conhecemos como Academia Militar.

No seu braço esquerdo está a Igreja de Nossa Senhora da Conceição ou a Sé Catedral ou ainda Igreja do Seminário.

A igreja foi construída como Colégio dos Jesuítas no séc. XVII e passou a seminário aquando a sua expulsão de Portugal por parte do Marquês de Pombal. É um dos mais importantes e formosos monumentos sacros do património scalabitano.

Trata-se de um edifício de estrutura e fachada maneirista construída entre 1672 e 1711. O frontispício da igreja possui cinco corpos distintos, dando uma forte impressão de força e poder. Impressão de poder que são aumentados e complementados com as duas partes simétricas do conjunto edificado, formando como que um uno e grande palácio de Deus.

Sé Catederal

Igreja de Marvila

Depois de descansarmos um pouco, seguimos em direção à Igreja de Marvila, localizada no centro histórico, esta igreja pertence a uma das mais antigas paróquias da cidade, tendo assumido um importante papel religioso durante a Idade Média.

Quando conquistou a cidade em 1147, o primeiro rei de Portugal, D. Afonso Henriques, deixou que os Templários aqui fundassem uma igreja. Assim o fizeram com rendas dadas pelo bispo de Lisboa, D. Gilberto, em 1149.

Convento de Santa Maria da Graça

Seguimos em direção à Igreja e Convento de Santa Maria da Graça, embora a sua construção só tenha sido concluída no início do séc. XV, a primeira pedra terá sido colocada em 1380 por iniciativa de D. Afonso Telo de Menezes, primeiro Conde de Ourém, que resolveu fundar na cidade um convento segundo as regras da Ordem de Santo Agostinho. Este edifício trouxe para Santarém o esplendor do estilo gótico-flamejante, seguindo as inovações arquitetónicas e decorativas já usadas no Mosteiro da Batalha.

Este monumento é reconhecido como uma joia do gótico português e símbolo de Cabral o descobridor do Brasil

A fachada é um dos aspetos mais interessantes da igreja: marcada por um elegante pórtico de arquivoltas, sobreposto por um arco conopial, (arco ondulado composto por pelo menos quatro segmentos de arco que geram duas curvas convexas em baixo e duas curvas côncavas em cima, convergindo num vértice) muito frequente na linguagem do gótico-flamejante, e envolvido por uma moldura finamente decorada que preenche todo o espaço do corpo central. Por cima, uma impressionante rosácea trabalhada com grande primor, que se diz ser feita de um único bloco de pedra, revela a maturidade estilística dos artistas.

Uma das características particulares deste templo é o seu desnível em relação ao exterior. Só após descer alguns degraus temos acesso ao interior amplo, de três naves, com o espaço marcado por grandes colunas. A cabeceira, um pouco mais baixa, é coberta por uma abóbada de cruzaria de ogivas e decorada por altas janelas que iluminam o altar. A iluminação é completada pela rosácea e pelas várias fenestras ao longo do corpo da igreja, revelando um entendimento perfeito da estrutura gótica.

No braço direito do cruzeiro (lado da Epístola), assente sobre oito leões, está o túmulo comum de D. Pedro de Menezes, neto do fundador, e de sua esposa D. Beatriz Coutinho, com esculturas jacentes de mãos dadas, à maneira dos túmulos reais que estão no Mosteiro da Batalha. Na decoração do túmulo, entre elementos vegetalistas e heráldicos, encontra-se repetidamente a figuração da sua divisa: um ramo de zambujeiro e a palavra «Aleo», aludindo ao orgulho do guerreiro que em 1415 participou na conquista de Ceuta e foi depois governador da cidade.

Igreja e Convento da Graça

Para terminarmos a nossa visita no período da manhã só faltava visitarmos o Jardim Portas do Sol, que ocupa a primitiva área muralhada de Santarém (cidadela ou Alcáçova), hoje varanda panorâmica sobre o Tejo e a extensa Lezíria, é a sala de visitas e um dos espaços mais concorridos da cidade. Aqui se encontra instalado o Urbi Scallabis – Centro de Interpretação, uma estrutura de apoio ao conhecimento e interpretação do centro histórico pelo visitante.

As Portas do Sol assentam sobre muralhas e têm ainda três torreões; hoje varanda panorâmica, vê-se uma outra porta que dava para o Alfange. Alguns lanços de muros e um troço da Porta de Santiago, completam os vestígios do que foi um dos mais importantes castelos medievais.

A ruína romana junto ao Jardim das Portas do Sol permite a quem a visita, «espreitaram» uma «nesga» do passado da cidade.

As ruínas romanas e os vestígios da Idade do Ferro, junto ao Jardim das Portas do Sol, preparam-se para ser musealizadas, permitindo aos escalabitanos, e a quem a visita, «espreitaram» uma «nesga» do passado da cidade.

A Alcáçova de Santarém tem-se revelado «riquíssima» para os arqueólogos, tendo as escavações, confirmado a presença de vestígios desde a Idade do Bronze até à época Contemporânea.

A seguir dirigimo-nos ao autocarro, rumo a Almeirim para mais um almoço de convívio, de fraternização e sobretudo de proporcionar uma aproximação entre o professor e os seus alunos, e entre colegas/colegas, e, os colegas vão-se conhecendo melhor para nas aulas, depois haver uma maior cumplicidade/coesão entre eles.

Portas do Sol

Igreja da Misericórdia

Depois do almoço voltamos a Santarém, para concluirmos a nossa visita, pois já só faltava visitar a Igreja da Misericórdia e Santuário do Santíssimo Milagre. Em Marvila ergue-se o Santuário, que já foi a Igreja de Santo Estevão.

Construída em 1241 a antiga Igreja de Santo Estêvão passou a designar-se Igreja do Santíssimo Milagre devido à lenda do Milagre de Santarém (ou Milagre da Hóstia), ocorrido em 1247 na paróquia de Santo Estêvão de Santarém, uma das mais importantes e abastadas da localidade; ocorreu em Santarém, no séc. XIII, sendo ainda hoje objeto de intensa veneração na cidade.

Milagre da Hóstia: Existem relatos sobre uma mulher que descobriu que o marido a traía. Resolveu então pedir ajuda a uma feiticeira que prontamente se disponibilizou para ajudá-la. No entanto, tinha um pedido. Queria uma hóstia consagrada segundo os rituais católicos.

A mulher acedeu ao pedido da bruxa e acabou por trazer uma hóstia da igreja de Santo Estevão embrulhada num véu. Mas, antes de a oferecer à bruxa, percebeu que escorria sangue de dentro do véu que embrulhava a hóstia.

Correu para casa e guardou a hóstia numa arca. O casal acordou durante a noite surpreendido com misteriosos raios de luz que irradiavam da arca. Foi então que a mulher contou toda a história ao marido e passaram o resto da noite a rezar.

A notícia espalhou-se e centenas de pessoas acorreram ao local. A hóstia foi transportada para a Igreja de Santo Estevão onde foi conservada dentro de uma custódia feita de cera.

Passado algum tempo, a cera desfez-se em pedaços ficando visível a hóstia dentro de uma âmbula de cristal. Em 1782, a hóstia foi inserida numa custódia de prata, onde ainda hoje se mantém.

No local onde se situava a casa da pobre mulher, encontra-se hoje a Ermida do Milagre.

Santuário do Milagre

Igreja da Misericórdia

A Igreja da Misericórdia maneirista e barroca, com planta tipo igreja-salão (Hallenkirche) com 3 naves de 4 tramos à mesma altura e com presbitério sobrelevado em relação à nave.

É uma construção dos meados do séc. XVI (1559) e é um exemplar perfeito de igreja-salão, de três naves, todas à mesma altura, com abóbadas de nervuras cruzadas, iluminadas por seis janelas retangulares e sustentadas por dez colunas toscanas, todas elas decoradas com ornatos brutescos, elementos que criam a espacialidade rasgada e conferem monumentalidade ao conjunto.

Linguagem maneirista presente no tratamento do espaço interno e na janela de canto da Sala da Irmandade, mas com fachada da igreja com exuberante decoração rococó.

Na Sala do Consistório, silhar de azulejos neoclássicos de limitada policromia, uma vez que possui apenas as cores verde azeitona, roxo manganés e reserva central em azul, com a particularidade de desdobrarem a primeira ("remir os cativos e visitar os presos") em duas composições, em prol da regularidade decorativa do espaço, uma vez que ele se desenvolve em oito painéis; a representação das Obras baseou-se em gravuras de influência Flamenga.

No interior conserva-se uma sepultura rasa, epigrafada, de Nuno Velho Pereira (…-1609), uma das personalidades mais significativas da época da expansão portuguesa no mundo, capitão da Índia e patrocinador da Santa Casa da Misericórdia. Com o terramoto de 1755 perdeu-se a primitiva fachada da Igreja. Esta foi substituída por outra barroca.

O Órgão de Tubos instalado na Igreja da Misericórdia foi originalmente assente no coro alto do lado do Evangelho, com colocação lateral.

É um instrumento representativo da organaria portuguesa construído em 1818 por António Xavier Machado e Cerveira (1756-1828), um dos maiores organeiros do seu tempo.

A visita não terminou sem antes, a profª Cecília oferecer à guia D. Vera, uma pequena lembrança, feita pela subdelegada Glória Silva. Um azulejo, com a representação dos candeeiros do nosso município, o Seixal.

Foi um dia diferente à descoberta do conhecimento e aprendizagem destes exploradores seniores, com muito convívio, divertimento e boa disposição.

Texto e reportagem fotográfica da Delegada de Turma, Odette Pugliese.

Igreja da Misericórdia

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